terça-feira, 11 de agosto de 2009

A ESTRANHEZA DE UM LIVRO

...Viajante manteve a mão estendida por alguns segundos. Duarte estava receoso, amedrontado com a perspectiva de um contacto com aquela mão, que embora parecesse humana, vinha de algo, de um lugar que ele desconhecia. Por fim, com hesitação, estendeu a mão ao Viajante e retribuiu o cumprimento.
- Está fria- disse Duarte, retirando a mão rapidamente.
Viajante estendeu de novo a mão direita, desta vez na direcção de Victor e disse:
- Olá Victor, è bom ver-te assim tão de perto.
Victor apertou bem forte aquela mão estranha e disse por seu turno:
- È muito agradável apertar a mão a um homem que è dono de uma mente tão poderosa. Mas realmente a sua mão está bastante fria.
- Admirais-vos? Já vos disse que para vivermos não precisamos de queimar tanto oxigénio como vós. O nosso metabolismo è diferente.
- E porquê?- perguntou Duarte.
- Uma das razões è porque na nossa atmosfera não existe tanto oxigénio como na vossa.
- Então agora podeis respirar melhor- disse Victor.
- As nossas células apenas queimam o oxigénio de que precisam- respondeu Viajante, que de imediato se virou para trás, estendeu as mãos aos seus companheiros e estes lhe entregaram dois objectos. Eram dois livros- eis o que aqui me trouxe.
- Dois livros? Vocês vieram do infinito para nos darem dois livros?- perguntou Victor.
- Sim, mas são dois livros... ou melhor, são dois exemplares de um livro que ainda o não è.
- Como è que è? Essa não percebi- disse Duarte ironicamente.
- È simples- respondeu Viajante- são dois exemplares de um livro que um dia há-de ser escrito.
Victor e Duarte, muito lentamente olharam um para o outro, e depois, perplexos, fixaram o rosto de Viajante. Este, sentindo que os dois rapazes estavam dominados por grande confusão, disse:
- Meus amigos, isto è muito naturalmente um reflexo do futuro.
- Sim, isso è a coisa mais natural e banal que eu já ouvi em toda a minha vida!!- respondeu Duarte cheio de ironia, ao mesmo tempo que balançava os ombros e fazia caretas.
- Nós temos conhecimento do futuro- disse o Viajante.
- Isso è fascinante- comentou Victor.
- E è adivinhação e bruxaria. As velhas ciganas também lêem o futuro na palma da mão- acrescentou Duarte.
- Contra o teu cepticismo, Duarte, eu contraponho que a visão do futuro è uma faculdade que essencialmente nos advém do nosso desenvolvimento espiritual.
- Quer então você dizer que nós, homens do planeta Terra, somos uns «tacanhos»?- perguntou Duarte.
- Não, vós sois o que a vossa idade e a vossa natureza vos admite que sejais. Quanto à idade, nada há a fazer. Só se aprende através dos anos de vida, estudando e adquirindo experiência. Com respeito à natureza... bom, aí algo pode ser feito. Pecam aqueles que em consciência sabem que pecam.
- E o que tem a nossa idade?- perguntou Victor.
- Nada de mais- respondeu Viajante- apenas que vós sois uns recém nascidos comparados connosco. Quando os primeiros da vossa espécie começaram a povoar o vosso planeta, já nós tínhamos naves por toda a galáxia. A diferença de conhecimento è abismal. Por isso aqui estamos para vos ajudar.
- De que maneira?- perguntou Duarte.
Viajante entregou um livro a cada um dos rapazes. Os livros tinham uma encadernação preta. Na capa existia a meio uma mancha amarela, uma fonte de luz, rodeada por uma massa disforme que dava a percepção de uma grande concentração estrelar. Imediatamente abaixo surgia a lua em quarto minguante, e mesmo no fundo da capa aparecia a palavra « contacto», escrita em letras grandes, de cor cinzenta.
- Este livro será o símbolo da curiosidade que o homem do planeta Terra sente, quando coloca a hipótese de não se encontrar sozinho no universo. Representa ainda a sua necessidade em encontrar companhia. E isso já è de alguma forma um desenvolvimento mental. O autor que o irá escrever tem neste momento apenas onze anos de idade...
- E quem è ele?- perguntou Duarte.
- Não o posso revelar- respondeu o Viajante.
- E porque não?
- Isso seria antecipar o futuro. Tu não podes saber pormenores sobre um acto de uma pessoa, antes dessa pessoa praticar esse acto. O autor do livro «Contacto» ainda não sabe que vai escrever este livro. Deixêmo-lo primeiro adquirir conhecimentos e experiência para o fazer. O que è muito importante que vocês os dois saibam, è que estes livros vos são entregues em função da sã amizade que vos une. E esse è um sentimento que nós queremos disseminar por todo o vosso planeta.
- Mas existem muitas pessoas amigas por todo o mundo- disse Victor.
- Felizmente que existem- respondeu o Viajante- mas dada a facilidade que tu demonstraste em seres contactado, foram vocês os eleitos. Para quê perder mais tempo?! Do vosso planeta emanam fluídos muito negativos, que profetizam tempos de muito egoísmo e maldade. Vós sereis a rampa de lançamento, o agente condutor pelo qual passará a benção espiritual que queremos trazer ao vosso mundo. Através dessa benção temos fé que, vocês homens, compreendereis que a matéria existe apenas em função da espiritualidade. A primeira è efémera, ao passo que a segunda è eterna. A espiritualidade è apenas e só aquilo que nós somos. No entanto muitos homens há que apenas apostam na matéria. Irão perder a cartada. E é essa conduta, essa forma de vocês vos encarardes a vós próprios, que nós queremos corrigir. Aceitai esta ajuda e continuai amigos, para o vosso próprio bem. Sereis de novo contactados em 1996. Nos vossos livros surgirão a data exacta e o local do contacto. Estai pois atentos. Quando chegar a altura, na capa do livro surgirá então o nome do autor. Nós vos estaremos agradecidos e uma boa recompensa vos aguarda. Mas atenção, que nunca passe pelo vosso coração a intenção de manterdes a amizade apenas por interesse. Somos muito sensíveis aos sentimentos genuínos e aos hipócritas também. Está inscrito nas vossas áureas. No dia em que entre vós exista deslealdade, a amizade termina e o agente condutor è extinto. Que me dizeis?
Os dois rapazes estavam atónitos...(pag. 23)

in VISITADOS

Novembro/1999

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