terça-feira, 30 de dezembro de 2008

À JANELA , A GLÓRIA E A RUÍNA

Em Portugal, nos finais do séc. XIX, princípios do séc. XX, um dos maiores símbolos de prosperidade que se podia ostentar, era a plantação de palmeiras em redor da casa em que se habitava. Esse sabor a exotismo estava ao alcance apenas de alguns, aqueles que tinham emigrado para o Brasil e por lá tinham feito fortuna.
Desse modo, as casas que «apetrechadas» de palmeiras despontaram por esse país fora, passaram a designar-se por casas de «brasileiros». Nesta bela fotografia captada pelo meu filho João Miguel, a glória do passado se transmite através da ruína do presente.
A palmeira, outrora árvore mirrada que orgulhosamente bradava ao mundo o poder económico de quem a plantou, hoje é uma soberba árvore que nos lembra o quão efémera é a riqueza. E porque a palmeira é natureza, afirma que hoje, mais do que nunca, é uma criação poderosa, ao passo que a casa, sua aliada no tempo, e porque é criação do homem, outrora dona de uma sumptuosidade material, não resistiu à acumulação dos anos, tendo-se transformado num amontoado de velhas memórias sem sentido.
Será este o sentido da existência?

2 comentários:

mdsol disse...

Não sei! No ser humano, natural e não natural (cultural) confundem-se...
:))

JSimão disse...

Enquanto que a Natureza luta pelo equilíbrio, a Humanidade luta pelo consumo e pelo excesso. A Razão Universal irá com o seu aliado, o Tempo, aplicando a sua essência. Resta a nós observármo-la e compreende-la enquanto é... Tempo.