quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NA VOLTA DO CORREIO



Como sentinela vigilante, que observa a partida de muitas emoções, aqui me encontro nesta esquina da vida dos homens. Quantos segredos por mim já passaram, ânsias que daqui partiram, promessas que aqui iniciaram a sua caminhada para a concretização de realidades.
Estou velho! Começo a ficar deslocado no tempo, pois já muito poucos me procuram. Conversando com o amigo que, cada vez mais raramente me visita, esperançado em que ainda exista quem em mim confie, fico a saber que a notícia corre agora muito veloz, apenas num piscar de olhos. Que posso fazer?
Orgulhosamente me manterei no meu posto, que mais não seja, para recordar aos homens quanta beleza havia na composição de uma carta.

5 comentários:

Paula disse...

O outro dia parei em frente a um correio destes na minha cidade, fiquei pensando, quanto os mails lhe roubaram a beleza. A beleza de uma carta escrita com caligrafia, a beleza de colar os selos. De sujar as mãos tentando usar aqueles pincéis mergulhados num boião de cola (ficavam com o cabo todo sujo)...
A beleza de receber e ansiar por uma carta :)

Cumprimentos.

Poeta do Penedo disse...

Tem muita razão, Paula.
E eu, que estive na tropa, sei bem o valor que uma carta tinha para quem necessitava de receber uma palavra amiga. Os mails nunca terão essa carga psicologicamente deliciosa.

Cumprimentos.

Paula disse...

O meu marido escrevia-me cartas no comboio quando ia a caminho do quartel(para a tropa)...e eram longas...
Se fosse hoje talvez eu recebesse um mail do notebook ou falávamos directamente para o msn...não seria a mesma coisa.

Gibson Azevedo disse...

Aqui no meu País, desde muito que estas caixas postais entraram em desuso. As que ainda existem- as mais antigas -, mantem-se posicionadas como parte da decoração de algum ambiente ou logradouro. Lembram-me mordomos à antiga, em austeras posturas; mesmo que as familias as quais servem, não passem atualmente de uma massa falida. Assim mesmo não perdem a pose... Não perdem a beleza.
As caixas postais modernas, estas, não tem a menor graça... São caixotes de acrílico..., de existência efêmera!
Abraços!...

Poeta do Penedo disse...

Aqui em Portugal estas caixas postais chamam-se marcos do correio. Também aqui cada vez são menos utilizadas, mas mantêm-se firmes no seu posto. Um destes dias tornar-se-ão num museu ao ar livre dos CTT (correios). Mas serão sempre um postal ilustrado de Portugal.

Com amizade